... ASSIM DIZ O SENHOR ... |
Os
Serviços no Santuário:
I
– Introdução
Provavelmente, todo
estudante das Sagradas Escrituras já passou pela experiência de, ao
decidir estudar a Bíblia em sua totalidade (por exemplo seguindo o
“ano bíblico”), sentir um profundo desânimo ao enfrentar livros
tais como Levítico ou Deuteronômio devido à grande quantidade de
leis e descrições cerimoniais que eles contem. Ao se depararem com
tal situação, alguns se perguntam que proveito pode ter, para o
cristão do século vinte, estudar as cerimônias praticadas pelos
israelitas num passado tão remoto. Como o estudo de tais assuntos
pode dar satisfazer necessidades de nossa alma ? Múltiplas razões
podem ser dadas. Primeiro,
devemos notar que estando a vida religiosa do povo de Israel centrada
no santuário, referências ao sistema ritual permeiam todas as
Escrituras. Encontramos conceitos relativos ao santuário não só no
Pentateuco, mas também nos Salmos, nos livros históricos, nos
profetas e até mesmo no Novo Testamento. Há algumas passagens bíblicas
que não podem ser totalmente compreendidas a menos que tenhamos algum
conhecimento do Santuário e suas cerimônias. Um exemplo se encontra
em Mateus 26:63-65. Perante a declaração de Jesus afirmando ser o
Messias, o Sumo Sacerdote Caifás rasgou suas vestes, atitude que lhe
era proibida sob pena de morte (Levítico 21:10 e 10:6). Temos então
que o verdadeiro condenado a morte era Caifás e não Jesus (Na
verdade, este fato já invalidava o sacerdócio levítico para ser
substituído pelo sacerdócio eterno de Jesus). Em
segundo lugar, por ser o sistema cerimonial uma representação
tridimensional do evangelho, compreendemos que seu estudo pode
significar um maior entendimento de verdades eternas, especialmente,
da obra que Cristo realizou e está realizando em nosso favor. Uma
terceira razão para o estudo do Santuário é o fato de que muitas
das profecias de Daniel e Apocalipse estão cheias de símbolos
relacionados ao Santuário, logo se queremos entender as profecias
devemos entender o Santuário. As
razões anteriores são válidas para todos os cristãos
independentemente da sua denominação. Mas para os Adventistas do Sétimo
Dia há uma razão adicional para o estudo do Santuário. Toda a
estrutura teológica da Igreja Adventista depende da sua compreensão
do Santuário e sua relação com o ministério sumo-sacerdotal de
Cristo. Talvez por esta razão, durante toda a história da Igreja,
muitos têm levantado críticas contra esta doutrina. A última delas
foi feita pelo teólogo australiano Dr. Desmond Ford no começo da década
de 1980, provocando grande impacto nos círculos adventistas,
obrigando a Igreja à um profundo estudo das suas posições
tradicionais, do qual, felizmente, saiu fortalecida teologicamente.
Porém, isto nos mostra a necessidade de realizarmos um estudo o mais
profundo possível nesta matéria para que a nossa fé possa estar
baseada em firmes fundamentos e estejamos sempre prontos a dar a razão
dela. II
– Significado dos Sacrifícios:
A
idéia de sacrifício aparece em toda a Bíblia. A primeira menção
explícita de um sacrifício aparece em Gênesis 4:3-5 (para alguns, a
primeira evidência implícita da realização de um sacrifício se
encontra em Gênesis 3:21) e a última referência a tal assunto, a
encontramos em Apocalipse 22 onde Jesus é simbolizado por um
cordeiro. No
período patriarcal, os sacrifícios representam um profundo ato de
adoração chegando a ser uma suprema demonstração de lealdade como
no caso de Abraão ao estar disposto a sacrificar seu próprio filho,
o filho da promessa.Estas mesmas componentes de adoração e lealdade
estão presentes no relato dos sacrifícios oferecidos por Caim e
Abel. No livro de Jó aparece um outro aspecto importante do sacrifício:
o sacrifício pelo pecado. Jó tinha por costume oferecer holocaustos
pelos possíveis pecados que seus filhos pudessem ter cometido
(notemos também a atitude intercessora e, de alguma forma, sacerdotal
do patriarca). Na economia de Israel, existiam diversos tipos de
sacrifícios (oferta pacífica, sacrifício de comunhão, sacrifício
pelo pecado, holocaustos diários, etc.) que refletem os diferentes
aspectos já mencionados. Mas
apesar de toda esta riqueza temática encontrada na Bíblia acerca dos
sacrifícios, podemos nos perguntar, por que Deus instituiu um sistema
ritual aparentemente tão cruel ? Responderemos esta importante
pergunta especificamente no caso do sacrifício pelo pecado. No
sistema de sacrifícios podemos identificar três ensinamentos básicos,
a saber: A
conseqüência do pecado é a morte.
Como veremos com mais detalhes posteriormente, quando uma pessoa comum
pecava devia sacrificar uma cabra (Levítico 4:27-29) . Cada vez que
havia um pecado alguém (no caso, a cabra) tinha que morrer por causa
desse pecado. ``Sem derramamento de sangue não há remissão"
(Hebreus 9:22) O
pecador precisa de um substituto.
Sabemos já que a conseqüência do pecado é a morte (Gênesis 2:17,
Romanos 6:23), mas também sabemos que todos nós somos pecadores e
portanto estamos todos condenados a morte. Mas o ritual de sacrifício
mostra que há um substituto, alguém que toma o lugar do pecador e
recebe a penalidade no seu lugar permitindo que o pecador seja
perdoado e viva. O
horror do pecado.
Sem dúvida o ritual do sacrifício era uma experiência dramática. O
próprio pecador devia matar o animal sacrificado (Levítico 4:27-29)
salientando dessa forma que a vítima inocente morria pela sua causa.
Assim, Deus queria mostrar toda a malignidade do pecado. Ao ver os símbolos
dos sacrifícios se realizarem na vida de Jesus, não podemos escapar
ao vívido pensamento de que foram nossos pecados que levaram o Filho
de Deus a morrer numa cruz. Deus
ordenou a Moisés que construísse um santuário onde através de
rituais e cerimônias pudessem ser ensinadas as eternas verdades do
evangelho. Hoje temos em Jesus o nosso grande Sumo Sacerdote, ministro
do verdadeiro santuário (Hebreus 8:1,2), cumprindo todo aquilo que os
velhos rituais anunciavam acerca dEle. É hora, portanto, de conhecer
alguns detalhes deste sistema de adoração III
– O Santuário
1
– Descrição do Santuário:
O
santuário construído no deserto ficava no centro da congregação,
fato que realizava o desejo de Deus de morar no meio do Seu povo (Ex.
25:8). O santuário consistia em duas partes: o Átrio e o Templo
propriamente dito. Este último estava dividido em dois departamentos,
a saber, o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo. Sua orientação era tal
que sua porta olhava para o Leste. Desta forma o adorador, ao entrar
no santuário, dava as costas para o sol nascente, tão adorado pelos
povos pagãos. 1.1
– O Átrio:
O
Átrio (ou pátio) era o único lugar do santuário onde podia entrar
o adorador. Neste lugar eram também realizados os sacrifícios. Ao
entrar, o adorador encontrava primeiramente o chamado Altar dos
Holocaustos (Ex.27:1-8, 38:1-7), onde eram queimados os sacrifícios.
Este altar era feito de madeira de acácia e recoberto em bronze. Em
cada um dos seus quatro cantos havia uma ponta (Ex.27:2). Entre o
Altar dos Holocaustos e a entrada do templo, havia uma pia de bronze
na qual permanentemente havia água para que os sacerdotes lavassem os
pés e as mãos antes de entrar no santuário ou antes de fazer o
sacrifício (Ex. 30:17-21). Pelo fato de ser o átrio o único lugar
onde podia estar o adorador e também o lugar onde era realizado o
sacrifício, podemos dizer que o pátio do santuário representa a
Terra. 1.2 –
O Lugar Santo:
Se
pudéssemos entrar no Lugar Santo, através do primeiro véu, perceberíamos
a existência de três móveis no seu interior: O candelabro (no lado
Sul), o altar de incenso (no lado Oeste) e a mesa com os pães da
proposição (no lado Norte). O
Candelabro: Este
(Ex. 25:31-40, 37:17-24) era feito de ouro puro e tinha sete lâmpadas
(de óleo) que deviam ficar permanentemente acesas. Em Apoc. 1:12-13,
João descreve Jesus andando entre sete candelabros e o verso 20 nos
diz que os candelabros representam “as sete igrejas". Portanto,
somos autorizados a pensar que no simbolismo do candelabro de ouro
podemos ver o Espírito Santo (o óleo) atuando na Igreja
possibilitando que seja “a luz do mundo". O
Altar de Incenso: Este
(Ex. 30:1-10, 37:25-28) era, assim como o Altar dos Holocaustos,
construído em madeira de acácia. Porém seu revestimento era de ouro
puro. O Altar de Incenso tinha também pontas em cada um dos seus
quatro cantos. Encontrava-se no Lugar Santo frente ao véu que
separava o Lugar Santo do Santíssimo. Era aqui que os sacerdotes
queimavam diariamente incenso como interseção pelo povo de Israel.
Este incenso queimado representava as orações dos santos (Apoc.
8:4). A
Mesa e os Pães da Proposição: No
lado Norte do Lugar Santo, encontrava-se a mesa onde eram colocados os
Pães da Proposição. Esta mesa era feita de madeira de acácia e
estava recoberta de ouro puro. Doze pães eram colocados sobre ela
formando duas colunas de seis pães. Sobre cada coluna era colocado um
copo com incenso (Lev. 24:7). O significado primário dos pães talvez
tenha sido o reconhecimento de Deus como o grande provedor e da conseqüente
dependência do povo. Mas uma segunda aplicação, de caráter messiânico,
pode ser feita. Jesus declarou ser o pão da vida (João 6:35),
portanto podemos pensar nos pães como símbolos de Cristo.
É
interessante constatar que Isaias nos informa que Lúcifer pretendeu
colocar seu trono “no monte do testemunho, nos lados do Norte",
isto é, pretendia ocupar o lugar de Cristo. 1.3 –
Lugar Santíssimo:
Após
o segundo véu, estava o Lugar Santíssimo (Heb. 9:3), onde só o Sumo
Sacerdote podia entrar e somente uma vez ao ano (no Dia da Expiação).
Nesta parte de Santuário se encontrava a Arca da Aliança que
continha as tábuas da lei (representando a justiça como um dos
fundamentos do governo divino), um vaso com maná (que representa a
graça de Deus dada através de Cristo, o verdadeiro maná, ver João
6:31-35) e a vara de Arão que brotou (que significa a aceitação do
sacerdote como intercessor válido entre o homem e Deus,vide Num.
17:8-10). Ao lado da arca foi colocado o “livro da lei" para
servir como testemunha contra o povo de Israel (Deu. 31: 26). A arca (Êxo.
25:10-22) era feita de madeira de acácia e estava completamente
recoberta de ouro. Sobre ela, a modo de tampa, foi colocado o
propiciatório, feito de ouro fino. Nas extremidades do propiciatório,
foram feitas imagens de querubins (uma de cada lado). As asas dos
querubins cobriam o propiciatório (formando um arco) e as fazes de
ambos olhavam para o propiciatório. Era entre estes querubins que se
manifestava a shekinah (a manifestação de Deus em forma de
uma luz gloriosa). Neste sentido, a arca representava o trono de Deus.
É interessante notar que em Gênesis 3:24 Deus colocou querubins e a
“chama de espada fulgurante" (Bíblia de Jerusalém) guardando
a entrada ao Éden. Alguns comentaristas vem neste verso uma referência
à shekinah manifestada entre os querubins. Desta forma, quando o
adorador entrava ao átrio, ou os sacerdotes ministravam diariamente
no Lugar Santo ou, com maior razão, o sumo sacerdote entrava no Lugar
Santíssimo, era como se, simbolicamente, se aproximasse à entrada do
Éden perdido. 2 –
Comentários Adicionais:
Muitas
pessoas têm-se sentido confusas pelo fato de que Hebreus 9:4 parece
indicar que o Altar de Incenso estaria no Lugar Santíssimo e não no
Lugar Santo como afirmamos anteriormente. Para entender esta aparente
contradição, devemos compreender a função do Altar de Incenso. Ao
queimar incenso no altar, o sacerdote realizava uma obra de intercessão.
Como veremos posteriormente, esta obra era realizado todo o dia. Isto
por si só nos indica que o Altar de Incenso não poderia estar dentro
do Lugar Santíssimo pois nele só podia entrar o Sumo Sacerdote e
somente um dia no ano. Por outro lado, o véu que separava os dois
departamentos do Santuário, não chegava até o teto.Isto permitia
que a fumaça produzida pela queima do incenso chegasse até o Lugar
Santíssimo, indicando desta forma que as orações e a intercessão
chegavam até o trono divino. Vemos portanto que na sua função o
Altar de Incenso estava intimamente relacionado ao Lugar Santíssimo,
tanto que era possível pensar que fazia parte dele. É neste sentido
que o Lugar Santíssimo “tinha” o Altar de Incenso, não que
estivesse no seu interior, mas que estava a sua disposição. IV –
O Sacerdócio:
Tão
importante quanto a estrutura do Santuário é o tema do sacerdócio
(infelizmente, por limitações de espaço nos referiremos a ele
brevemente). Todo o sistema de culto centralizado no Santuário está
baseado no princípio que o homem pecador não pode viver por si só
perante um Deus santo. Da mesma forma o pecado impede que o homem se
aproxime a Deus livremente. Precisa de um representante, um mediador,
um intercessor. Para realizar este labor Deus chamou homens a atuarem
como sacerdotes. No
período anterior a Moisés o chefe da família (e em alguma medida o
primogênito) realizava funções sacerdotais. A Bíblia menciona, por
exemplo, como Abraão construía altares e realizava sacrifícios. Mas
o texto sagrado menciona neste período sacerdotes propriamente ditos
como Melquisedeque. Quando
Israel estava no deserto Deus chamou a Arão e os seus descendentes
para o ofício sacerdotal. Eles deviam ter uma especial consagração
a Deus e cumprir com as formalidades do culto (para ver algumas das
normas de santidade dos sacerdotes referimos a Levítico 21). As
vestes do Sumo Sacerdote (Lev. 28) eram ricas em simbolismo, mas por
falta de espaço só consideraremos o peitoral e as pedras de ônix. O
peitoral era uma rica peça quadrada onde foram colocadas doze pedras
preciosas e cada uma levava inscrito o nome de uma tribo de Israel. O
peitoral era colocado na altura do peito do Sumo Sacerdote, desta
maneira se indicava que o povo estava perto do seu coração.
Adicionalmente, sobre cada ombro do Sumo Sacerdote havia uma pedra de
ônix e em cada uma delas estavam escritos os nomes de seis tribos de
Israel: o Sumo Sacerdote levava o “peso” do povo sobre os seus
ombros. Tudo isto era para mostrar que para todos os efeitos de culto,
o sacerdote era o representante de todo o povo perante Deus. Quando o
sacerdote entrava no Santuário, era como se todo povo entrasse com
ele. O sacerdote era o representante e o intercessor. O
livro de Hebreus (Heb. 8:2) nos ensina que Cristo é o nosso Sumo
Sacerdote. Isto o torna o nosso único representante e intercessor
perante Deus (I Tim. 2:5). Através dEle temos acendido a Deus e
podemos entrar junto com Ele ao interior do Santuário Celestial (Heb.
10:19) V –
Consagração do Santuário:
Uma
vez construído o Santuário, deviam ser realizadas cerimônias de
consagração tanto dos sacerdotes (Ex.29:1-37, Lev 8:1-36) e do próprio
Santuário (Ex. 40:9-11). Todos os móveis do templo (tanto do Lugar
Santíssimo, do Lugar Santo quanto do Átrio) deviam ser ungidos com o
“óleo da unção”. Esta obra foi realizada por Jesus no Santuário
Celestial (Dan. 9:24). VI
– Serviço Diário
1
– Serviço no Lugar Santo:
Cada
dia o sacerdote devia cumprir as cerimônias realizadas no Lugar
Santo. Todas as manhãs o sacerdote devia queimar incenso no altar de
ouro e por ``em ordem as lâmpadas'' (Ex.30:7). Todas as tardinhas o
sacerdote voltava a queimar incenso e ascendia as lâmpadas do
candelabro. Já foi dito que o incenso representava as orações dos
santos e que a luz nas lâmpadas representavam a ação do Espírito
Santo na igreja de todos os tempos. O ascender inicial das lâmpadas
foi cumprido por Jesus ao enviar sobre a igreja apostólica o
Consolador (o Espírito Santo) no dia de Pentecostes (Atos 2). Mas
assim como o sacerdote mantinha as lâmpadas permanentemente acesas,
também o dom do Espírito Santo está constantemente sendo oferecido
a nos. 2 –
Os Holocaustos Diários:
Cada
dia era oferecido em holocausto dois cordeiros de um ano. O primeiro
cordeiro era sacrificado pela manhã e era queimado no Altar dos
Holocaustos até a tardinha quando era sacrificado o segundo cordeiro
que era queimado ate a manhã (Ex.29:38-46, Num. 28:1-8). Este era o
chamado holocausto contínuo e, como os demais serviços diários,
representava a contínua intercessão de Cristo em nosso favor. 3 –
Sacrifício pelo Pecado:
Como
já mencionamos anteriormente, o sacrifício pelo pecado fazia parte
importante do ritual do Santuário e portanto passaremos a descreve-lo
com detalhes. Perceberemos também como são ilustrados os princípios
de substituição e transferência presentes em todo este sistema
de adoração e ,mais importante ainda, em todo o plano de salvação.
Ao estudar este assunto vemos a existência de quatro casos a ser
considerados. 3.1
– Quando o Sumo Sacerdote Pecava (Lev. 4:1-12):
O
Sumo Sacerdote representava o povo de Israel perante Deus, portanto se
ele pagava todo o povo se tornava culpado (Lev. 4:3) e ficava sem
intercessor. Neste caso, o Sumo Sacerdote devia tomar um novilho sem
defeito e colocar a mão sobre a cabeça do novilho. Em este ato, o
sacerdote confessava o pecado, demonstrava confiança no substituto
inocente (o novilho, representando a Cristo) e transferia o pecado
para o substituto. Em seguida, o sacerdote imolava o novilho e parte
do sangue era levado ao lugar Santo e espargido sete vezes no véu que
separava o Lugar Santo do Santíssimo (de alguma forma, o véu fazia
as vezes de intercessor). Assim mesmo, o sacerdote colocava parte do
sangue nas pontas do Altar de Incenso. Desta forma o pecado era
transferido ao Santuário. O restante do sangue era derramado aos pés
do Altar dos Holocaustos representando assim o sangue de Jesus
derramado no Calvário. A gordura e os rins do novilho eram finalmente
queimados no altar. 3.2 –
Quando a Nação Pecava (Lev. 4:13-21):
Neste
caso, o procedimento era igual ao caso anterior com a única diferença
que eram os anciãos do povo quem colocavam as mãos sobre o novilho. 3.3 –
Quando um Príncipe Pecava (Lev. 4:22-26):
Quando
era um príncipe quem pecava, devia levar um bode sem defeito, colocar
a mão sobre a cabeça do bode (com o mesmo significado que nos casos
anteriores) e imolá-lo. Então o sacerdote tomava o sangue e parte
dele era colocado nas pontas do Altar dos Holocaustos e o resto era
derramado aos pés do mesmo altar. Notemos que a diferença dos casos
anteriores, o sangue não foi levado dentro do Lugar Santo, portanto o
sacerdote devia comer da carne do animal para que então o pecado seja
cerimonialmente transferido ao sacerdote (vide Lev. 10:17-18).
Novamente, a gordura era queimada no altar. 3.4 –
Quando uma Pessoa Comum Pecava (Lev. 4:27-35):
Neste
caso o pecador devia levar, dependendo de sua condição social, uma
cabra ou uma cordeira sem defeito. O restante do ritual era semelhante
ao caso anterior. 3.5 –
Observações:
Em
todos os casos o pecador devia manifestar confiança num substituto. Em
todos os casos os pecados eram transferidos à vítima e ao santuário
ou ao sacerdócio. Os
cargos de maior responsabilidade exigiam uma oferta maior. O pecado
dum líder supõe uma gravidade maior pois afeta a toda a nação. Os
mais humildes não estavam excluídos. Todos podiam oferecer pelo
menos uma cordeira. Jesus é o Cordeiro de Deus, a oferta que esta ao
alcance de todos. 7 –
O Serviço Anual: Além
do serviço diário, existia na economia israelita uma série de
festas e convocações solenes que constituíam o calendário eclesiástico
e que chamaremos o serviço anual do Santuário. Este serviço anual
acha-se descrito mais sistematicamente no capítulo 23 do livro de Levítico.
1
– A Páscoa (Lev. 23:4-5, Ex. 12):
A
primeira destas festas era a Páscoa (Pesakh). Era realizada no dia 14
do primeiro mês (Nisã ou Abib). A primeira Páscoa foi realizada por
ocasião da saída do
povo israelita do Egito, evento que passou a comemorar. No décimo dia
do mês, era escolhido um cordeiro de um ano e sem defeito. Na
tardinha do décimo quarto dia o cordeiro era morto e assado. A carne
devia ser comida pela família aquela mesma noite com pães sem
fermento e ervas amargosas. Na primeira Páscoa, as portas deviam ser
ungidas com sangue do cordeiro para que a família seja libertada da
praga da morte do primogênito. A
palavra chave desta cerimônia é libertação. Por esta razão se
torna um tipo do sacrifício de Cristo. Jesus nos liberta da escravidão
do pecado e da sentença de morte que pesava sobre nós. Mas para isso
Seu sangue precisava ser derramado e Seus méritos aplicados a nós
pela fé. 2 –
Os Pães Asmos (Lev. 23:6-8):
No
dia seguinte à Páscoa (15 de Nisã) começava a festa dos pães
asmos (Hag Hamatzot). Durante sete dias não poderia haver fermento
dentro das casas dos israelitas. Originalmente, pensava-se que os pães
asmos representavam a saída rápida do Egito, mas podemos ver aqui (e
Cristo nos autoriza a faze-lo na Santa Ceia), no cereal moído, feito
farinha e logo pão, um símbolo do corpo de Cristo quebrantado pelo
homem e por causa do homem. Vemos também na ausência de fermento o símbolo
de ausência de pecado em Cristo. E somos convidados a ingeri-lO, a
faze-lO parte de nosso próprio organismo como alimento, dando-nos,
desta forma, vida. O
primeiro e o último dia desta festa deviam ser dias de “santa
convocação” e nenhum trabalho servil devia ser feito (eram
portanto sábados cerimoniais). 3 –
A Festa das Primícias (Lev 23:9-14):
No
"dia seguinte ao sábado" (verso 11), isto é, no dia 16 de
Nisã, era celebrada a festa das primícias (Bikurim). Neste dia os
israelitas deviam apresentar no templo o primeiro produto (os
primeiros molhos de espigas) da colheita. O sacerdote pegava o molho e
o mexia perante o Senhor. Esta
cerimônia era um tipo da ressurreição de Cristo. Cristo é a primícia
e a garantia da ressurreição dos justos no dia a volta de Jesus
(Notavelmente, Mat. 27:52-53 nos informa que muitos santos ressurgiram
junto com Cristo, fazendo a analogia com a festa da primícias mais
completa e interessante). Notemos
como Jesus cumpriu estas festas morrendo no dia da Páscoa (14 de Nisã)
e ressuscitando no dia 16 do mês, no dia das primícias. 4 –
A Festa das Semanas (Lev 23:15-21):
Cinqüenta
dias após a festa das primícias, celebrava-se a festa das semanas
(chamado em grego Pentecostes e em hebraico Shavuot). Este dia era, na
verdade uma santa convocação. Os israelitas deviam apresentar dois pães
como “oferta mexida”. Simultaneamente, eram oferecidos cordeiros e
bodes como sacrifício (na maior parte dos serviços e festas do santuário
estão presentes os sacrifícios pois sempre a aproximação do homem
a Deus se faz na base dos méritos do substituto, isto é , de
Cristo). Primariamente
a festa simbolizava o agradecimento a Deus pela colheita. No Novo
Testamento aparece associada ao derramamento do Espírito Santo (Atos
2). Esta relação se torna mais interessante quando percebemos que
Ato 2:1 pode ser traduzido como: “Quando o dia de Pentecostes foi
cumprido" (symplerousthai) que pode ser entendido como a realização
antitípica daquilo que era anunciado pela festa. Foi também nesse
dia que a igreja cristã teve sua “primeira colheita” logo após o
discurso de Pedro: a conversão de três mil pessoas. 5 –
Festa das Trombetas (Lev. 23:23-25):
No
primeiro dia do sétimo mês (Tisri), realizava-se a Festa das
Trombetas (Rosh Hashanah, ou melhor Yom Teruah). Neste dia, que era
uma santa convocação, nenhum trabalho servil devia ser feito. No
templo eram tocadas as trombetas (shofar). Este dia anunciava a
proximidade do Juízo, o Dia da Expiação. Esta festa se cumpriu
antitipicamente com a pregação do Movimento Adventista entre os anos
1840 e 1844. 6 –
O Dia da Expiação (Lev. 23:26-32, Lev. 16):
Durante
o ano todo, os israelitas tinham ido ao santuário oferecendo sacrifícios
pelos pecados e, como já vimos, segundo o principio da transferência,
o pecado era cerimonialmente transferido ao santuário ou ao sacerdócio.
Portanto, fazia-se necessário efetuar uma “purificação" que
eliminasse de vez o pecado. Isto se realizava no décimo dia do sétimo
mês, no chamado Dia da Expiação (Yom Kippur). Junto com Páscoa
este era o dia mais importante no calendário religioso judaico.
Nenhum trabalho devia ser feito nesse dia (era, pois, um Sábado
cerimonial) e o povo devia afligir suas almas (Lev. 23:27) e quem não
o fizesse seria cortado dentre o povo (Lev 23:29). Talvez por este
motivo, o Yom Kippur tem sido, tradicionalmente, visto pelo Judaísmo
como o Dia do Juízo. No
dia da Expiação o Sumo Sacerdote devia vestir as roupas de sacerdote
(vestes santas) e tomar um novilho para, primeiramente fazer expiação
por si e pela sua casa. Também tomava do povo dois bodes sobre os
quais tirava sortes: um bode seria “para o Senhor" e o outro
“para Azazel” (sobre a origem e o significado do nome Azazel é
muito pouco o que se sabe; uma hipótese -especulativa, claro -
pretende que Azazel seria o antigo nome de um demônio do deserto). O
Sumo Sacerdote imolava o novilho pegava um pouco do sangue e entrava
no Lugar Santíssimo levando também um incensário (isto era preciso
para que ele não ficasse diretamente exposto à glória de Deus). Ele
deixava o incensário no chão frente à arca de tal forma que a nuvem
de incenso estivesse entre ele e arca. Então com seu dedo espargia o
sangue do novilho sete vezes sobre o propiciatório. Assim tinha feito
expiação por si e pela sua casa. Logo
ele imolava o bode “para o Senhor" (que representa a Cristo) ,
tomava do seu sangue, entrava novamente no Lugar Santíssimo e fazia
da mesma como tinha feito com o novilho. Desta forma fazia expiação
pelo Lugar Santíssimo (Lev 16:16,NIV). Depois, repetia a cerimônia
para fazer expiação pela Tenda da Reunião (Lugar Santo). Uma
vez feito isto, o Sumo Sacerdote, saía do Lugar Santíssimo e se
dirigia ao altar “que esta perante o Senhor" (Lev. 16:18,
provavelmente seja o altar de incenso, comparar com Êxo
30:1-10). Tomava sangue do novilho e do bode e o colocava nas
pontas do altar. Depois espargia sangue sete vezes sobre o altar. Uma
vez feito isto, a expiação estava acabada (Lev. 16:20) e só então
o Sumo Sacerdote tomava o bode vivo (“para Azazel"), colocando
as mãos sobre a cabeça do bode, confessava sobre ele todos os
pecados do povo e o bode era enviado ao deserto, vivo, para lá
morrer. Notemos que este bode não participava do processo de expiação
pois esta já tinha sido feita. Talvez o salmista se referisse a esta
parte da cerimônia quando escreveu, falando acerca dos ímpios:
“entrei no santuário de Deus; então percebi o fim deles". O
bode por Azazel representa Satanás e todos os ímpios que, por não
ter aceitado o sacrifício expiatório de Cristo devem carregar o peso
e a conseqüência dos seus próprios pecados, sofrendo assim a eterna
separação de Deus e Seu povo (o que significa em última instância,
destruição eterna). No caso de Satanás, ele deve levar também sua
parte de culpa nos pecados dos santos por ter sido ele o originador da
rebelião e o pecado (por esta razão os pecados do povo são
confessados sobre o bode para Azazel). Desta forma o Dia da Expiação
ilustra a final destruição do pecado e dos ímpios. O
Dia da Expiação antitípico começou em 1844 tal como foi anunciado
pelo profeta Daniel (Daniel 8:14). 7 –
Festa dos Tabernáculos (Lev. 23:33-44):
No
dia quinze do sétimo mês, começava a chamada Festa dos Tabernáculos
(Sukkot) e durava sete dias. No primeiro dia havia uma santa convocação.
Os israelitas deviam construir tabernáculos com folhas de palmeiras e
ramos de árvores para morar neles durante os sete dias da festa. No
oitavo dia havia novamente uma santa convocação. A
festa lembrava o tempo que os israelitas habitaram em tendas no
deserto durante a viagem até a Terra Prometida logo de serem libertos
da opressão do Egito. Por esta razão a festa se torna um tipo da
nossa libertação e nossa translação à verdadeira Terra Prometida,
Canaã Celestial onde finalmente habitaremos nas moradas que Jesus foi
preparar para nós. VIII
– Conclusão:
Neste
trabalho foram descritos os principais aspectos do sistema ritual
judaico centrado no santuário, e foram interpretados os principais
tipos e símbolos encontrados nestas cerimônias. Evidentemente o
trabalho não foi exaustivo (nem pretendia sê-lo) pois deixamos de
lado temas interessantes e variados como: o vestuário dos sacerdotes,
a cerimônia da novilha vermelha (Num. 19), as libações e ofertas de
manjares, o ciclo de anos sabáticos e jubileus e até aspectos das
festas descritas que julgamos secundários para este trabalho introdutório.
Pensamos ter atingido o nosso objetivo maior, a saber, apresentar as
cerimônias judaicas mais importantes e significativas, não só para
a interpretação das profecias de Daniel e Apocalipse, mas também
para a compreensão do ministério sacerdotal realizado no Santuário
Celestial por Jesus, o nosso Sumo Sacerdote. IX
– Apêndice:
A
– O Santuário e as Profecias de Daniel:
Não
é o objetivo deste trabalho estudar em detalhes as profecias do livro
de Daniel, porém não é possível realizar um estudo satisfatório
do santuário sem se referir à obra de Cristo tal como ela é
descrita nos livros de Daniel e Apocalipse. Neste apêndice serão
abordadas algumas idéias que mostram esta conexão santuário-profecias
e ao mesmo tempo mostram a Cristo como o centro destas duas revelações
bíblicas. Comumente,
as profecias de Daniel são estudadas na ordem seqüencial dos capítulos
(isto é, se estudam os capítulos 2,7,8 e 9, nesta ordem). Mas para
os nossos objetivos, será conveniente começar analisando o capítulo
9. 1 –
Daniel 9: o Santuário e o Sacrifício.
O
capítulo começa com uma fervorosa oração. Daniel estava preocupado
com a restauração de Israel e principalmente com o estado no qual se
encontrava o Templo em Jerusalém (ver, por exemplo, o verso 17).
Daniel tinha percebido que os 70 anos de cativeiro previstos por
Jeremias estavam chegando ao seu fim e se perguntava se acaso as
profecias de tempo dos capítulos anteriores significavam um adiamento
da restauração de Israel. Isto preocupava o profeta, pois o exílio
do povo, o estado de destruição de Jerusalém e principalmente o
fato do Templo estar em ruínas, significavam desonra para Deus.
Portanto, repetimos mais uma vez, Daniel estava preocupado com a
restauração do Santuário em Jerusalém. Mas
o anjo Gabriel foi enviado para dar explicações a Daniel. O anjo lhe
explicou que não era o Templo de Jerusalém que devia ser o centro da
suas preocupações (de fato o Santuário Terrestre acabaria sendo
definitivamente destruído, Dan.9:26) e lhe elevou o olhar para o
Santuário Celestial do qual nos fala o livro de Hebreus (ver Heb.
8:1-2). É com o Santuário Celestial que a verdadeira obra de
restauração está relacionada. Como veremos, as profecias de Daniel
9,8 e 7 (e grande parte das profecias de Apocalipse) são na verdade
revelações acerca do Santuário Celestial. Como
já fora explicado, o versículo 24 faz referência à inauguração
do Santuário Celestial (``...e para ungir o Santíssimo'', diz o
verso). Isto significa que a profecia das setenta semanas indica o
tempo em que entraria em funções o Santuário Celestial. Mas o
aspecto mais importante deste capítulo é mostrar ao Messias como o
verdadeiro sacrifício em nosso favor, que acabaria com todos
cerimoniais do Santuário Terrestre (versos 25 a 27). Do
estudo feito neste trabalho, podemos ver que as festas bíblicas se
agrupam em dois pólos. Primeiro, temos as festas associadas à Páscoa:
Pães Asmos, Primícias e Pentecostes (pois a data de realização da
festa de Pentecostes depende da realização da Páscoa. Em segundo
lugar temos as festas associadas ao Dia da Expiação: Festa das
Trombetas e Festa dos Tabernáculos. Como vemos, o capítulo 9 de
Daniel se relaciona com a inauguração do Santuário e com as festas
associadas à Páscoa. Mas,
poderíamos pensar, haverá alguma profecia, no livro de Daniel,
referente às festas associadas ao Dia da Expiação ? A resposta é
Sim. Estas profecias estão nos capítulos 7 e 8 de Daniel. 2 –
Daniel 7 e 8: Juízo Pré-Advento.
A
referência mais evidente ao Santuário se encontra em Daniel 8:14:
''E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o
santuário será purificado''. De acordo com o dito nos parágrafos
anteriores, a referência deve ser ao Santuário Celestial. É necessário,
porém, que entendamos que significa a purificação do santuário. No
contexto de Daniel 8 a purificação do Santuário aparece como a reação
divina frente aos ataques do poder opressor representado pelo chifre
pequeno (ver Daniel 8:9-14). No capítulo 7, vemos novamente a ação
de um poder perseguidor do povo de Deus e a resposta divina, mas desta
vez a reação de Deus contra os Seus inimigos é representada por um
juízo que culmina com a destruição dos inimigos de Deus e, por
contraste, a final vindicação do povo de Deus ao receberem o Reino
(ver Daniel 7:7-10 e 21-26). Devemos notar também que o Dia da Expiação
apontava justamente a ação divina que culminaria com a destruição
final do pecado e os ímpios. Fundamentados no princípio de
paralelismo das profecias de Daniel e respaldados pelo contexto
discutido nas linhas anteriores, podemos concluir que a purificação
do Santuário, o juízo mencionado em Daniel 7 e o Dia da Expiação
descrevem o mesmo acontecimento e portanto são equivalentes. Este
obra de juízo tem sido tradicionalmente chamada de Juízo
Investigativo ou melhor, Juízo Pré-Advento, pois ele acontece
antes da Volta de Jesus. 3 –
Sumário e Comentários Finais:
Temos
visto que Daniel 9 está intimamente relacionado com as festas
associadas à Páscoa e que Daniel 7 e 8 relacionam-se às festas
associadas ao Dia da Expiação. Podemos dizer que estes três capítulos
não é mais do que uma profecia acerca do Santuário Celestial ou,
equivalentemente, sobre a obra de Cristo primeiro como o sacrifício
substitutivo e logo como Sumo Sacerdote. É, em última instância,
esta profunda relação entre estes capítulos que nos permitem
afirmar que os períodos proféticos de Daniel 8 e 9 devem ter início
na mesma data, a saber, 457 A.C. com a promulgação do decreto de
Artaxerxes (ver Esdras 7:1-26). Para
finalizar, notemos que os capítulos 4 e 5 de Apocalipse não são
mais do que uma versão mais detalhada da visão de Daniel 7:9-14.
Assim, a relação entre Apocalipse e o Santuário se torna ainda mais
intensa e viva o que nos dá maior e mais forte motivação para o
estudo dos assuntos relacionados aos serviços nos Santuário, tanto o
terrestre como o celestial. B –
Jesus e o Santuário em Hebreus 9 e 10:
O
livro de Hebreus em geral, e os capítulos 8, 9 e 10 em particular, é
de grande importância para estabelecer o entendimento tradicional
adventista acerca do santuário. Em passagens que tradicionalmente
mostravam Jesus entrando no Santuário, edições modernas (por
exemplo a Edição Contemporânea da versão de Almeida - RA) substituíram
a palavra “santuário" por “santo dos santos", dando a
entender que Jesus teria entrado no Lugar Santíssimo no ano 31 AD.
Neste apêndice analisaremos brevemente tal questão. No
texto grego, a palavra que designa o Lugar Santo em Heb. 9:2 é
“Hagia" (Agia) que literalmente quer dizer “Santo" (a
palavra “Lugar" não aparece no original). A expressão que
designa o Lugar Santíssimo no verso 3 é “Hagia Hagíon" (Agia
Agiwn) que significa literalmente “Santo dos Santos" (de novo a
palavra “Lugar" não aparece). Nos
versos em questão, por exemplo Heb. 9:12, aparece a expressão `ta
hagia” (ta agia), que dignifica “os santos". O verso, então,
diz que Jesus entrou “nos santos (lugares)", isto é, no Santuário.
Aliás, a mesma expressão (só que no caso genitivo em vez do
acusativo) aparece em Heb 8:2, sendo traduzida universalmente como
“santuário". Os professores F. Rienecker e C. Rogers na Chave
Lingüística do Novo Testamento Grego comentam que a expressão
significa o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo em conjunto, isto é,
santuário. Portanto
concluímos que a tradução certa é “santuário" (como um
todo) em concordância com a interpretação adventista e conforme
traz a Almeida Antiga – RC. X
– Referências:
1
– A Bíblia 2
– Patriarcas e Profetas – E.G. White, CPB 3
– O Firme Fundamento de Daniel e Apocalipse
– Prof. Dr. R.C. Silveira (Instituto Adventista de Ensino). 4
– The Greek New Testament – K.
Aland et al United Biblical Societies, (3th ed. corrected).
5
– Chave
Linguística do Novo Testamento Grego
– F. Rienecker e C. Rogers, (Ed. Nova Vida).
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